Júri condena pai e filho a 40 anos de prisão por duplo homicídio cometido em Entre Rios do Sul

O Tribunal do Júri de São Valentim condenou os réus Derli Roque Vieira Lopes e Elizandro Vieira Lopes, pai e filho, por planejarem e executarem as mortes da estudante de pedagogia Analina Tormen, 25 anos, e do microempresário Luiz Fernando Brustolon, 35 anos, em maio de 2016, no município de Entre Rios do Sul.

O júri, que se estendeu por mais de 12 horas, condenou Derli a 40 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, por homicídio triplamente qualificado. Elizandro foi sentenciado a 40 anos, quatro meses de prisão, em regime inicialmente fechado, pelo homicídio triplamente qualificado de Analina, ocultação de cadáver e pelo homicídio duplamente qualificado de Luiz Fernando. Eles não poderão recorrer em liberdade.

Conforme a acusação, Elizandro, teria descoberto uma traição de Analina, que na época era sua esposa, com Luiz Fernando, que era amigo do casal. Motivado pelo pai Derli, Elizandro, levou Analina para fora da cidade, onde a matou e deixou o corpo em uma vala. Após retornar para casa, o réu esteve na casa de seus pais, pegou algumas roupas, foi procurar por Luiz Fernando e ao encontrá-lo, cometeu o segundo homicídio.

Derli teria participado dos homicídios para assegurar a impunidade por outro crime, no qual já foi condenado, o estupro da própria neta.

As testemunhas que prestaram depoimento na sessão pediram para falar sem a presença dos réus e durante quatro horas relataram sobre o dia do crime, confirmando Elizandro como atirador e lembraram o relacionamento conturbado do casal, destacando que o réu chegava a agredir a esposa. Já sobre Derli, lembraram do estupro da neta e que Analina chegou a pedir para que ele ficasse longe da criança.

O júri foi presidido pelo juiz Eduardo Maroni Gabriel. Pelo Ministério Público atuou o promotor Adriano Luís de Araújo e a defesa foi feita pela defensora pública, Caroline Piccoli Rodolfo.

 

O que disseram os réus

Em seu depoimento, Elizandro, confirmou que cometeu os assassinatos e se disse arrependido. Falou ainda ter jogado a arma utilizada, um revólver, em um rio ainda na noite do crime.

Derli, negou a participação nos crimes e afirmou que ficou sabendo sobre as mortes somente depois de ocorridas.

 

O crime

Conforme apurado pela investigação, na época realizada pela Defrec e comandada pelo delegado Gustavo Ceccon, na tarde de 24 de maio, Elizandro convidou a esposa para sair e, no carro do casal, um Astra, a levou até Linha Narzetti, interior de Entre Rios do Sul, distante cerca de cinco quilômetros da cidade. Em uma estrada de chão do local, eles desembarcaram do veículo e ele lhe desferiu, à queima-roupa, um tiro na testa, em seguida arrastou seu corpo para o interior de uma vala em um matagal à beira da estrada.

Após, já no final da tarde, voltou para casa, deixou o carro na garagem, procurou por Luiz Fernando Brustolon em casa e não o localizou, pegou uma moto e passou a tentar encontrar o suposto amante da companheira. Brustolon estava na casa de amigos, a cerca de 100 metros da residência de Lopes, na Rua São Paulo, próximo a entrada da cidade.

Elizandro foi até ele e o questionou sobre “estar saindo com a mulher dos outros”, em seguida, também à queima-roupa, atirou na testa do pequeno empresário e fugiu.

Por Alan Dias

Foto Fernando Genro

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