Há mais de um ano, os profissionais de saúde estão na linha de frente no combate de uma pandemia que já soma quase meio milhão de mortes no país, sendo quase 30 mil vidas perdidas no Rio Grande do Sul. Apesar do cenário, há um alento: o início da vacinação desses trabalhadores, em janeiro, reduziu os riscos de contágio e despencou o número de mortes pela doença.
Nos dados reunidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), a partir de notificações pelo e-SUS, sistema eletrônico do Sistema Único, até 4 de maio deste ano, o total de infectados nos últimos 15 meses é de 30.440 profissionais de saúde. Destes, 22.591 foram registrados em 2020 e 7.849 nos primeiros cinco meses de 2021. Segundo o boletim epidemiológico da Semana 17 (SE), o estado gaúcho reportou 1.800 novos registros no mês de maio. O saldo mensal é o menor desde janeiro deste ano, quando foram reportados 2.297 casos, uma redução de mais de 75%.
Ainda assim, representantes das categorias afirmam que os temores ainda existem, seja pela presença de variantes que podem desafiar a eficácia da vacina, como pelo estresse e por outros sintomas de exaustão cada vez mais comuns entre os profissionais.
Na área de enfermagem, mais de 75% do acumulado de casos confirmados de coronavírus entre os trabalhadores ocorreram em 2020. Dos 5.223 infectados, de acordo com os dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), pouco mais de 1 mil foram registrados a partir de janeiro. O Conselho Estadual de Enfermagem (Coren), no entanto, destaca que apesar de 2021 iniciar com uma curva acentuada de casos, os registros despencaram há dois meses, quando boa parte da categoria já havia recebido as duas doses da vacina.
O número de mortes por Covid-19 entre trabalhadores da enfermagem também diminuiu em 2021, com nove casos frente a 16 óbitos no ano anterior. Do total, 60% são de técnicos de enfermagem.
A mesma tendência é identificada entre os trabalhadores da medicina. Um levantamento com 2,2 mil médicos gaúchos feito pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) mostra que 96,2% dos profissionais consultados estão vacinados com as duas doses e apenas 7,6% deles apresentaram sintomas gripais após a vacinação.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), foram 810 vidas perdidas em decorrência do coronavírus entre trabalhadores da categoria. Só no Rio Grande do Sul foram 15 casos, mas o acumulado está longe de retratar o cenário de grande parte dos estados que perderam na média de 30 médicos pela doença. Pará, São Paulo e Paraná foram os que mais reportaram óbitos, com respectivamente, 86, 70 e 56 médicos falecidos.
Tanto o Cremers como o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) afirmaram que não têm conhecimento de casos de reinfecção entre os profissionais.