Nonoai: Manuel e Adílio em processo de canonização

Já se passaram 98 anos desde o martírio do padre Manuel Gomes Gonzalez e do coroinha Adílio Daronch. Muitos devem conhecer a história dos beatos da Diocese de Frederico Westphalen. Somente 5% das dioceses do mundo têm beatos. Manuel e Adílio se tornaram beatos após milagres terem sido atribuídos aos religiosos que foram assassinados a tiros, em 21 de maio de 1924, na localidade do Feijão Miúdo, interior de Três Passos.

Padre Manuel era natural da Espanha e Adílio Daronch, natural do Rio Grande do Sul. “O único coroinha do mundo beatificado, o primeiro Santo Gaúcho, é de Dona Francisca”, destaca o padre Tiago Wollman, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Luz, de Nonoai, onde está localizado o Santuário dos Beatos, sob o altar da igreja, contendo as suas relíquias em uma urna de madeira.

30 anos após o assassinato, em 1954, os restos mortais do padre e do coroinha foram transladados para uma capela construída no local do martírio, que hoje recebe peregrinação de fiéis. Em 1964, por iniciativa de Dom João Hoffman, primeiro bispo da Diocese de Frederico Westphalen, e do padre Miguel de Cock, pároco de Nonoai na época, os restos mortais foram transladados para Nonoai, onde residiam os mártires.

Cronologia

No ano de 1916, padre Manuel foi nomeado vigário de Palmeira das Missões. No ano de 1924, conflitos políticos entre chimangos e maragatos explodiam no Estado. O padre Manuel pregava pela paz nas missas que presidia, o que não agradava os conflitantes. Dessa forma, em uma emboscada, anticlericais assassinaram o padre e coroinha amarrados a uma árvore, com armas de fogo, dispararam duas vezes no sacerdote e deram três tiros no menino de 15 anos.

Em 21 de outubro de 2007, ‘os mártires da fé’ foram beatificados em Frederico Westphalen. O evento foi realizado no Parque de Exposições Monsenhor Vitor Batistella, em missa presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviado especial do Papa Bento XVI na ocasião. Ato que contou com a presença do público, sendo mais de 40 mil pessoas.

Quase canonizados

-O processo de canonização, inicia com a beatificação, onde são feitos os procedimentos mais importantes, ou seja, a avaliação histórica das causas do martírio para ver se não havia outros motivos predominantes além daquele do ódio à fé. É o chamado processo histórico. Depois há o processo de avaliação da vida virtuosa destas pessoas, se eles viveram as virtudes do Evangelho. É o chamado processo teológico”, expõe o cônego Alexander Mello Jaeger, vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Luz, de Nonoai.

Existe, na Diocese de Frederico Westphalen, a Comissão de Pró-Canonização dos Beatos Manuel e Adílio, tendo como presidente, o bispo diocesano Dom Antonio Carlos Rossi Keller. “Um padre e um coroinha que foram martirizados juntos em nome da fé deixa um legado muito forte, de coragem, de amor ao povo, de fidelidade ao Evangelho. É sempre bom ressaltar que em Três Passos, onde eles foram sepultados, sempre houve um carinho por eles. Então, o povo, desde o início, reconheceu que nesse martírio lá no ano de 1924 havia odor de santidade, que aquele chão onde eles foram martirizados era um chão sagrado”, destaca o padre Tiago Wollman, integrante da comissão, sobre os mártires.

Apoiando a causa

A Diocese de Frederico Westphalen, juntamente com a comissão de pró-canonização, desenvolve produtos e materiais de divulgação dos beatos Manuel e Adílio, para que possam ser adquiridos por devotos e fiéis, a fim de contribuir com a causa canônica. “A gente vem ao longo desse tempo produzindo materiais para que os devotos, primeiro, tenham os beatos perto de si e depois, que eles também possam levar, através desses materiais, a fé e a devoção para outros lugares. O testemunho dos beatos é muito bonito e a história deles deve ser contada e lembrada”, afirma Tiago Wollman.

Como campanha mais recente em prol da canonização dos beatos está a comercialização de almofadas infantis para bebês. O projeto “Naninha Solidária” tem como objetivo propagar o exemplo de solidariedade praticada por Manuel e Adílio em sua vida comunitária. A almofadinha pode ser adquirida pelo valor de R$ 50. 20% do recurso adquirido com a comercialização das ‘naninhas’, estampadas com os ‘beatinhos’, será destinado à ala pediátrica do Hospital Comunitário de Nonoai. Em Frederico Westphalen, o material é comercializado na Livraria Diocesana, localizada na Rua do Comércio, 672, Centro. Telefone: (55) 3744-5053.

 

 

Fonte: Folha da Produção 
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