Depois da enchente histórica de maio do ano passado e da estiagem no verão de 2025, a produção gaúcha de noz-pecã recuou para 4,5 mil toneladas, diante da previsão de 5 mil ou 5,5 mil toneladas do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan).
O presidente do instituto, Claiton Wallauer, ressalta que a cultura do é um exemplos do que a atividade primária vem sofrendo com os extremos climáticos no Rio Grande do Sul. Em contrapartida, a qualidade dos frutos é considerada satisfatória, conforme a Emater/RS-Ascar.
A recuperação de safra foi adiada para 2026, caso as condições climáticas favoreçam.
“A agricultura nunca foi tão misteriosa quanto agora. Um dia é chuva, no outro é seca”, disse Wallauer.
Em 2023, a colheita somou cerca de 7 mil toneladas.
“O clima realmente deu um descompasso com a cultura. Então, nós tivemos uma seca muito forte em todo Estado entre janeiro e fevereiro. Foram quase 40 dias sem chuva na Depressão Central, região de Cachoeira do Sul e entorno, que é onde estão os maiores pomares”, explicou.
Números da cultura
O Rio Grande do Sul é responsável por 92% da área dedicada à cultura no Brasil, com 6.373 hectares e 1,5 mil produtores cadastrados. O RS também responde por 88% da produção nacional, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), apresentados na circular nº 25 de divulgação técnica, “Diagnóstico da pecanicultura no RS: colheita, pós-colheita e comercialização”.
A maior área plantada está localizada em Cachoeira do Sul, com 1.290 hectares de pomares de nogueira-pecã. Anta Gorda concentra o maior número de produtores, 295. O cultivo gaúcho de noz-pecã ocorre predominantemente em estabelecimentos rurais de até 50 hectares, com mão de obra exclusivamente familiar em 69% das propriedades.
Conforme o presidente do IBPecan, mesmo com as frustrações no campo, os produtores manifestam otimismo com resultados futuros, investindo em irrigação e outras tecnologias e manejo.
“O preço da noz pago ao produtor está bom. Por mais que tenha perdido no volume está conseguindo ganhar no preço pontual”, afirmou.
Segundo o dirigente, o mercado interno nacional é o principal consumidor.
“Caiu muito no gosto do brasileiro, além de ter características de um superalimento. Nos Estados Unidos o consumo per capita são de 250 gramas ao ano. No Brasil não chega nem a 10 gramas. Temos um caminho grande pela frente”, disse Wallauer.