Pinhalzinho: Promotor de justiça, natural de Nonoai, emociona população com poema durante Júri

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O Tribunal do Júri é por excelência o ponto mais importante da democracia do Poder Judiciário. É um processo de debate entre as partes (acusação e defesa), sobre um determinado crime, onde está sendo julgado uma pena ou liberdade, em se tratando de juri popular, ao final os jurados (pessoas da sociedade), decidem, por todos os cidadãos do município.

Na última sexta-feira (07), durante o segundo e último dia de juri popular do caso Luciane Zwirtes, o Promotor de Justiça da Comarca de Pinhalzinho-SC, Doutor Edisson de Melo Menezes declamou um poema que emocionou a todos que estavam no tribunal.

O poema exclamado por Menezes foi: “A voz da vítima no Júri”, confira na integra:

SONHOS

(Edilberto de Campos Trovão)

Sonhei sonhos que não vivi,
muito cedo,
deste mundo parti…
Morri.
Sonhei sonhos que não vivi,
Sonhos abortados,
ainda em pensamentos.

Nunca fui exigente,
E confesso:
Estava até contente
com o pouco que a vida me dava.
Mas, até aquele pouco
me foi negado
Meus sonhos eram pequenos:
queria, como todos querem,
morrer de morte natural,
Não desta forma,
cruel,
violenta,
covarde,
brutal.

Queria envelhecer,
Realizar sonhos sonhados,
E,
por que não?
Cometer até alguns pecados,
Como todos cometem.

Eu queria viver uma vida normal,
igual a sua,
igual a de qualquer mortal.

Eu estou aqui,
neste Plenário
E você não me vê
(e nem precisa,
pra quê?)
Basta que você sinta
que eu estou aqui.
Basta que você saiba que eu fui
julgado,
condenado,
executado,
por um crime que não cometi.

Quero,
Espero,
um julgamento
com o mesmo instrumento
de quem me condenou:
Não só com o Código Penal,
Mas, também, com a mesma lei
Violenta,
Brutal,
Lei animal.

Pedem clemência,
para quem foi intolerante;
Benevolência,
para quem não foi benevolente;
Piedade;
para quem foi impiedoso;
Pena mínima,
para quem me condenou
à pena máxima;
e executou a pena de morte.
Que a pena seja cumprida em liberdade,
quando eu,
para a eternidade,
estou preso neste túmulo.
Pedem justiça,
para quem foi injusto.
Pedem, enfim, tudo para meu carrasco,
quando ele de mim retirou tudo o que nunca tive.

Jurados:

Não quero piedade para minha sorte,
Quero…
Exijo…
Requeiro…
Justiça pela minha morte.

(TROVÃO, Edilberto de Campos. Reflexões de um aprendiz de Promotor de Justiça no Tribunal do Júri. Curitiba: JM Editora, 2005, pp. 302-04.)

Fonte: NovaFM

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