Influência das disfunções da tireoide na gestação

Entre os dias 20 a 25 de maio ocorre uma mobilização nacional a fim de esclarecer a população sobre as principais disfunções tireoidianas. A Semana Internacional da Tireoide é promovida pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e, neste ano, aborda o tema ‘Tireoide e Gestação’.

A produção de hormônios tireoidianos influencia todas as fases da vida do indivíduo. “A tireoide é uma glândula com formato semelhante ao de uma borboleta que se localiza na parte anterior do pescoço, logo abaixo do pomo de adão. Ela é responsável pela produção dos hormônios tireoidianos tiroxina (T4) e triiodotironina (T3). Esses hormônios são essenciais para o funcionamento do nosso organismo em todas as etapas de nossas vidas.” orienta a médica endocrinologista do Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo, Dra. Paula Stefenon.

Quando ocorre alguma disfunção na tireoide, esta glândula pode liberar hormônios em quantidade insuficiente ou em excesso, afetando diversas funções no organismo. “Os hormônios tireoidianos agem em praticamente todos os órgãos, regulando suas funções. Controlam os batimentos cardíacos; regulam a função intestinal, a temperatura corporal, o humor; a memória, o ciclo menstrual nas mulheres e a fertilidade. Esses hormônios agem também nos ossos e músculos e são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das crianças.” explica Dra. Paula.

A endocrinologista do HC. Dra. Paula Stefenon esclarece sobre a importância da tireoide para o funcionamento do organismo e sobre o seu papel para o desenvolvimento saudável do feto durante a gestação:

 

– Qual é a influência da tireoide na gestação?

Pacientes com doenças da tireoide que pretendem engravidar devem estar atentas, pois os hormônios da tireoide são essenciais para a saúde da mãe e do feto na gestação. É essencial que informe seu médico assim que descobrir da gestação, melhor ainda se a gestação for planejada com antecedência para que o tratamento seja avaliado e ajustado, caso necessário, ainda antes da concepção.

O desenvolvimento neurológico do bebê depende de níveis adequados dos hormônios tireoidianos e, como a tireoide dele não está formada no início da gestação, depende totalmente do fornecimento do hormônio pela mãe. Na mãe, as disfunções da tireoide podem alterar a pressão arterial e aumentar o risco de abortos e partos prematuros. Com o ajuste e acompanhamento adequados, pode-se reduzir o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê.

 

– Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de disfunções na tireoide na gestação?

Algumas mulheres têm maior risco de apresentar doenças da tireoide e devem estar atentas caso pretendam engravidar ou tenham descoberto recentemente que estão grávidas. Fatores de risco para disfunção da tireoide incluem:  história prévia ou história familiar de problema na tireoide, ter sinais ou sintomas que sugerem problemas na tireoide (cansaço, pele seca, alterações no funcionamento do intestino, maior intolerância para o frio ou para o calor que o habitual), apresentar aumento da tireoide visível ou palpável, ter mais de 30 anos de idade, ter feito radiação ou cirurgia no pescoço previamente, ter diabetes tipo 1 ou outra doença autoimune, como vitiligo, artrite reumatoide, lúpus, ter história de perda fetal, parto prematuro ou infertilidade, ter obesidade, ter usado medicações ou suplementos contendo altas doses de iodo.

 

– Quais as recomendações após o parto?

Após o parto, amamentação não é contraindicada e deve ser estimulada para mulheres em tratamento para disfunção tireoidiana. A mãe deve ser reavaliada dentro de 2 meses após o parto para avaliar se será necessário um novo ajuste do tratamento.

O fato de a mãe ter doença da tireoide não quer dizer que o bebê também a terá. Em determinados casos isso poderá ocorrer, apesar de ser pouco frequente. Por essa razão, é importante o acompanhamento da mãe e do bebê.  Não deixe de fazer o teste do pezinho, ele possibilita o diagnóstico precoce de disfunções da tireoide no bebê.

 

– O que é o hipotireoidismo?

O hipotireoidismo ocorre quando a tireoide funciona menos do que o necessário e é a alteração mais frequente da tireoide. No hipotireoidismo o paciente irá apresentar sonolência e cansaço excessivo; redução dos batimentos cardíacos; intestino preso; memória comprometida; dores musculares e fraqueza; pele seca e queda de cabelo.

Durante a gestação, pode haver necessidade de doses mais elevadas do hormônio da tireoide para suprir a necessidade do feto. Se for o caso, o médico fará o ajuste da dose de reposição do hormônio tireoidiano já antes da gravidez ou logo no início desta. Nunca suspenda ou modifique a dose da levotiroxina durante a gestação ou amamentação sem a orientação do seu médico. Ela é segura e necessária.

 

– O que é o hipertireoidismo?

Já o hipertireoidismo ocorre quando a tireoide produz mais hormônio que o necessário e o paciente vai apresentar agitação; irritabilidade; insônia; cabelos finos e unhas quebradiças; pele quente e úmida; intolerância ao calor (sente mais calor do que o normal); aumento da frequência de evacuações, coração acelerado e tremor das mãos.

O hipertireoidismo também pode levar a complicações para a mãe e o bebê e o ideal é que seja tratado antes da gestação. Durante a gestação pode ser necessário ajustar a dose de seu medicamento ou, às vezes, trocá-lo por outro mais seguro para esse período. Seu médico a orientará após analisar o seu caso.

É importante frisar que, caso tenha feito tratamento prévio para hipertireoidismo ou outra doença tireoidiana com iodo radioativo, deve-se idealmente aguardar pelo menos seis meses antes de engravidar.

 

– Quais os sintomas que podem alertar para a investigação destas disfunções?

Os sintomas que mais chamam atenção são o cansaço excessivo e fraqueza, mas qualquer um dos sintomas citados acima serve como alerta que a tireoide possa não estar funcionando bem. Claro que esses sintomas não são exclusivos de doenças tireoidianas, por isso a avaliação médica e realização de exames é importante para o diagnóstico diferencial.

 

Participou: Dra. Paula Stefenon, médica endocrinologista, membro do corpo clínico do Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo.

 

Fonte: Natieli Batistela

Comunicação Social/ Assessoria de Imprensa / Social Media

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