Policiais militares são suspeitos de torturar um morador do Condomínio Princesa Isabel, em Porto Alegre, por cerca de 40 minutos e depois tentar esconder o corpo, jogando o homem, já sem vida, do vão móvel da Ponte do Guaíba, de acordo com o relatório do Inquérito Policial Militar (IPM).
O corpo de Vladimir Abreu de Oliveira, 41 anos, foi encontrado na Zona Sul da capital, dois dias após uma abordagem da Brigada Militar (BM), motivando protestos de moradores. Na ocasião, dois ônibus foram incendiados. Cinco policiais foram indiciados e dois estão presos pelo caso. Entenda abaixo.
Conforme o inquérito, o laudo de necropsia indica que ele morreu em razão de politraumatismo (múltiplas lesões graves em duas ou mais regiões do corpo). O documento sugere que as lesões ocorreram enquanto o morador ainda estava vivo.
Um dos soldados ouvidos pela BM relatou à investigação que, após a abordagem no condomínio, o sargento que comandava a guarnição determinou que eles se deslocassem até a região das ilhas. Na ponte do Guaíba, dois deles teriam agredido Vladimir com socos e pontapés, de acordo com o PM. Enquanto apanhava, o morador era perguntado sobre “localização de armas e drogas”.
A investigação também traz a localização do GPS da viatura utilizada pelos PMs. O sinal aponta que o veículo da BM ficou parado na ponte por 42 minutos.
Em depoimento, dois soldados afirmaram que o sargento determinou que nenhuma documentação sobre a abordagem fosse feita. “Tampouco fosse comentado com qualquer pessoa acerca dessa abordagem, o que somente reforça a existência dos crimes narrados neste relatório”, aponta o inquérito.
A investigação da BM contou com o depoimento de dez pessoas, entre moradores, vizinhos e policiais da Força Tática do 9º Batalhão de Polícia Militar. Cinco PMS foram indiciados pela BM por envolvimento na morte de Vladimir. Dois deles, o sargento e um soldado, que seriam os responsáveis pelas agressões, estão presos preventivamente.
